terça-feira, 16 de agosto de 2011


CITAÇÕES ESPONTÃNEAS   -   Lázaro Barreto.


T. S. Eliot:
“Passos assustados na escada. À luz
do fogo, sob a escova, seus cabelos
eriçavam-se em agulhas flamejantes,
inflamavam-se em palavras. Depois,
em selvagem quietude mergulhavam” (pág. 93).
Em “POESIA” – tradução de Ivan Junqueira, Edit. Nova Fronteira, Rio de Janeiro1981.
Patrícia Melo:
“Era só aparecer uma babá que o homem deixava o trabalho de lado. A babá daquela manhã era horrível, gorda como um armário de parede, e mesmo assim ele estava bem animado. A verdade é que uma mulher pode ser feia, um traste, bunda enorme, pernas cabeludas, cara de macaco, dentes podres, tem sempre um homem disposto a comê-la. Sempre.” Em “Valsa Negra” (pág. 210), Cia. das Letras, São Paulo, SP, 2003.
Tom Wolf:
Baudelaire dizia que na arte já não bastava a abordagem imemorial, clássica e espiritualmente elevada; para captar a beleza da vida moderna, o artista tinha que saber combinar o sublime com o intensamente real, os petits faits vrais do aqui e agora de Stendhal” (pág. 191). Em “Ficar Ou Não Ficar”, trad. de Paulo Reis, Rocco, Rio de Janeiro, 2001.
Petrarca:
“Quantas vezes em vão tentei louvar-te;/ pois permanece a voz dentro do peito./ Que voz pudera ter tão alto efeito?/  É vão o meu esforço, vã minha arte;/ o plectro rude e o pouco nobre engenho/ caem vencidos ao primeiro empenho” (pág. 21). Em “Poemas de Amor de Petrarca”, trad. de Jamil Almansur Haddad, Edit.  Ediouro, Rio de Janeiro, 1998.
J.M. Coetzee:
“Como será, ser avô? Como pai não foi muito bem sucedido, apesar de ter tentado com mais afinco que a maioria. Como avô provavelmente ficará abaixo da média também. Faltam-lhe as virtudes dos velhos: serenidade, gentileza, paciência. Mas talvez essas virtudes venham quando outras virtudes se vão: a virtude da paixão, por exemplo. Tenho de dar uma olhada em Victor Hugo de novo, o poeta-avô. Talvez possa aprender alguma coisa” (pág. 244)  em “Desonra”, trad. de José Rubens Siqueira – Cia. das Letras, S. Paulo, SP. 2000.
Miguel de Cervantes:
Dos conselhos que deu Dom Quixote a Sancho Pança: “Se alguma mulher formosa te vier pedir justiça, desvia os olhos de suas lágrimas e os ouvidos dos seus soluços, e considera com pausa e substância do que pode, se não queres que se afogue a tua razão no seu pranto e a tua bondade nos seus suspiros” (pág. 479). Em “Dom Quixote de la Mancha”, trad. de Viscondes de Castilho e Azevedo, editor Victor Civita – São Paulo, SP, 1978.
Mário de Andrade:
“ – Mas pra que você mentiu, herói- Não foi por querer não... quis contar o que tinha acontecido pra gente e quando reparei estava mentindo...(pág.70). Em “Macunaíma – O Herói Sem Nenhum Caráter” – Edit. Villa Rica – Belo Horizonte, MG, 1997.
Henry James:
“Maisie parecia receber informações novas com cada sopro de brisa... A sra. Wix a via como uma criaturinha que sabia tantas coisas extraordinárias que, em contraste, o que ela ainda não sabia pareceria ridículo se não fosse constrangedor” (pág. 280). Em “Pelos Olhos de Maisie”, trad. de Paulo Henriques Brito – Edit. Schwarcz – São Paulo, SP, 2010.
Woody Allen:
“...Sentindo-nos sem Deus, o que fizemos foi transformar a tecnologia em Deus. Mas será a tecnologia a verdadeira resposta quando um Buick do ano, estalando de novo, dirigido por um protegido Nat Zipsky, atravessa a vitrine de um “prêt-a-porter da Sears, fazendo com que várias senhoras passassem o resto da vida pulando miudinho?” (pág. 102). Em “Que Loucura!”, trad. de Ruy Castro, Edit. L&PM Pocket – Porto Alegre, RS, 2010.
Elizabeth Travassos:
“Na obra de alguns autores, a gente percebe um não-sei-quê indefinível, um ruim que não é ruim propriamente, é um ruim esquisito pra me utilizar duma frase de Manuel Bandeira. Esse não-sei-quê vago mas geral é uma primeira fatalidade da raça badalando longe” (pág. 98). Em “Os Mandarins Milagrosos”, edit. Jorge Zahar – Funarte – Rio de Janeiro, 1997.



CITAÇÕES ESPONTÃNEAS   -   Lázaro Barreto.


T. S. Eliot:
“Passos assustados na escada. À luz
do fogo, sob a escova, seus cabelos
eriçavam-se em agulhas flamejantes,
inflamavam-se em palavras. Depois,
em selvagem quietude mergulhavam” (pág. 93).
Em “POESIA” – tradução de Ivan Junqueira, Edit. Nova Fronteira, Rio de Janeiro1981.
Patrícia Melo:
“Era só aparecer uma babá que o homem deixava o trabalho de lado. A babá daquela manhã era horrível, gorda como um armário de parede, e mesmo assim ele estava bem animado. A verdade é que uma mulher pode ser feia, um traste, bunda enorme, pernas cabeludas, cara de macaco, dentes podres, tem sempre um homem disposto a comê-la. Sempre.” Em “Valsa Negra” (pág. 210), Cia. das Letras, São Paulo, SP, 2003.
Tom Wolf:
Baudelaire dizia que na arte já não bastava a abordagem imemorial, clássica e espiritualmente elevada; para captar a beleza da vida moderna, o artista tinha que saber combinar o sublime com o intensamente real, os petits faits vrais do aqui e agora de Stendhal” (pág. 191). Em “Ficar Ou Não Ficar”, trad. de Paulo Reis, Rocco, Rio de Janeiro, 2001.
Petrarca:
“Quantas vezes em vão tentei louvar-te;/ pois permanece a voz dentro do peito./ Que voz pudera ter tão alto efeito?/  É vão o meu esforço, vã minha arte;/ o plectro rude e o pouco nobre engenho/ caem vencidos ao primeiro empenho” (pág. 21). Em “Poemas de Amor de Petrarca”, trad. de Jamil Almansur Haddad, Edit.  Ediouro, Rio de Janeiro, 1998.
J.M. Coetzee:
“Como será, ser avô? Como pai não foi muito bem sucedido, apesar de ter tentado com mais afinco que a maioria. Como avô provavelmente ficará abaixo da média também. Faltam-lhe as virtudes dos velhos: serenidade, gentileza, paciência. Mas talvez essas virtudes venham quando outras virtudes se vão: a virtude da paixão, por exemplo. Tenho de dar uma olhada em Victor Hugo de novo, o poeta-avô. Talvez possa aprender alguma coisa” (pág. 244)  em “Desonra”, trad. de José Rubens Siqueira – Cia. das Letras, S. Paulo, SP. 2000.
Miguel de Cervantes:
Dos conselhos que deu Dom Quixote a Sancho Pança: “Se alguma mulher formosa te vier pedir justiça, desvia os olhos de suas lágrimas e os ouvidos dos seus soluços, e considera com pausa e substância do que pode, se não queres que se afogue a tua razão no seu pranto e a tua bondade nos seus suspiros” (pág. 479). Em “Dom Quixote de la Mancha”, trad. de Viscondes de Castilho e Azevedo, editor Victor Civita – São Paulo, SP, 1978.
Mário de Andrade:
“ – Mas pra que você mentiu, herói- Não foi por querer não... quis contar o que tinha acontecido pra gente e quando reparei estava mentindo...(pág.70). Em “Macunaíma – O Herói Sem Nenhum Caráter” – Edit. Villa Rica – Belo Horizonte, MG, 1997.
Henry James:
“Maisie parecia receber informações novas com cada sopro de brisa... A sra. Wix a via como uma criaturinha que sabia tantas coisas extraordinárias que, em contraste, o que ela ainda não sabia pareceria ridículo se não fosse constrangedor” (pág. 280). Em “Pelos Olhos de Maisie”, trad. de Paulo Henriques Brito – Edit. Schwarcz – São Paulo, SP, 2010.
Woody Allen:
“...Sentindo-nos sem Deus, o que fizemos foi transformar a tecnologia em Deus. Mas será a tecnologia a verdadeira resposta quando um Buick do ano, estalando de novo, dirigido por um protegido Nat Zipsky, atravessa a vitrine de um “prêt-a-porter da Sears, fazendo com que várias senhoras passassem o resto da vida pulando miudinho?” (pág. 102). Em “Que Loucura!”, trad. de Ruy Castro, Edit. L&PM Pocket – Porto Alegre, RS, 2010.
Elizabeth Travassos:
“Na obra de alguns autores, a gente percebe um não-sei-quê indefinível, um ruim que não é ruim propriamente, é um ruim esquisito pra me utilizar duma frase de Manuel Bandeira. Esse não-sei-quê vago mas geral é uma primeira fatalidade da raça badalando longe” (pág. 98). Em “Os Mandarins Milagrosos”, edit. Jorge Zahar – Funarte – Rio de Janeiro, 1997.


sexta-feira, 12 de agosto de 2011


CITAÇÕES NECESSÁRIAS - Lázaro Barreto.


Nadine Gordimer:
“Aos setenta e cinco anos um homem fica proibido de jogar o tempo fora, principalmente se há muitas, muitas coisas, até doer, a passar para o papel. Trabalho enorme” (pág.163). “Lembre-se de Caim e Abel, os dois irmãos fizeram suas devoções e cada um ofereceu em oblação os produtos de seus trabalhos. Caim, sendo agricultor, sacrificou os frutos e os cereais, enquanto o pastor Abel ofereceu cordeiros e sua gordura. Ora, Jeová virou as costas às oferendas de Caim e aceitou às de Abel. Por quê? Por qual razão? Não vejo senão uma: porque Jeová detesta legumes e adora carne! Sim, o Deus que adoramos é decididamente carnívoro!” (págs. 210/211). Em “CONTANDO HISTÓRIAS” – Trad. de José Rubens Siqueira, Laura Barreto e Moacir Antônio. Cia das Letras, S. Paulo, SP, 2007

William Faulkner:
“Ele era como a imagem do morcego cego pela luz de seu próprio tormento, que foi jogado pela violenta luz demoníaca para a terra, tendo vivido lá debaixo da crosta terrestre, e daí em diante sofrendo um retrocesso, uma reversão” (pág.156). “Eu não estou ouvindo nada sobre uma jovem, uma virgem; estou ouvindo falarem de algo sobre um campo virgem e estreito, delicado e cercado, já arado e disposto em canteiros, de forma que tudo o que eu preciso fazer é deixar a semente cair nele e acariciar a suavidade novamente” (pág. 294). Em “ABSALÃO, ABSALÃO”, Trad. de Sônia Régis – Edit. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1981.

Sigmund Freud:
“...Está longe da finalidade de um sonho produzir tentativas de solução para as tarefas da vida. Os sonhos são apenas uma forma de pensar; jamais se pode alcançar uma compreensão dessa forma tomando como ponto de referência o conteúdo dos pensamentos; somente uma apreciação do trabalho dos sonhos nos levará a essa compreensão” (pág.93). “Os sonhos trazem à luz material que não pode ter-se originado nem da vida adulta de quem sonha nem de uma infância esquecida. Somos obrigados a considerá-lo parte da “herança arcaica” que uma criança traz consigo ao mundo, antes de qualquer experiência própria, influenciada pelas experiências de seus antepassados. Descobrimos a contrapartida desse material filogenético nas lendas humanas mais antigas e em costumes que sobreviveram. Dessa maneira, os sonhos constituem uma fonte da pré-história humana que não deve ser menosprezada”. Em “CINCO LIÇÕES DE PSICANÁLISE” (seleção de Jayme Salomão) – Abril Cultural – São Paulo, SP, 1974.

Cyro dos Anjos:
“O sertão estraga as mulheres e a pobreza as consome. Mas, devastação maior lhes causa  porventura a nossa imprudência, ao cotejar com a realidade as invenções de uma desenfreada fantasia. A lagoa foi drenada e convertida em pasto. Como se pode suprimir uma lagoa? Como se pode cortar uma árvore? É como se destruíssemos algo humano, vivo, fremente” (pág. 73). Em “O AMANUENSE BELMIRO”, Edit. José Olimpio, Rio de Janeiro, 1979.

Jorge Luis Borges:
“Um livro não deve requerer um esforço, a felicidade não deve exigir esforço. Emerson afirma que uma biblioteca é uma espécie de câmara mágica. Nesse gabinete estão sob o efeito de um encantamento os melhores espíritos da humanidade, que esperam a nossa palavra para sair da sua mudez. Temos que abrir o livro, e eles então despertam”. Em “BORGES ORAL” – Trad. de Rafael Gomes Felipe.Edit. VEJA, Lisboa, Portugal, 1991.

Jaime Prado Gouvêa:
“Em volta do salão, as mulheres ficavam esperando, sentadas numa fila de poltronas, como num cinema, a chegada de Colibri. Quando ele surgia na porta principal, as luzes lá de fora projetando seu vulto sobre todos, a orquestra começava a tocar a “Valsa do Imperador”, tema preferido do rei da noite, que no uso da plena majestade adentrava finalmente o recinto e se encaminhava soberbo até a primeira mulher, tirava-a delicadamente e iam rodopiando até a mesa de um freguês. E assim com todas elas, abrindo a noite.” Em “FICHAS DE VITROLA & OUTROS CONTOS” (PÁG. 83) – Edit. Record – Rio de Janeiro, 2007.

Umberto Eco:
“Mergulhei na contemplação da natureza, procurando esquecer os meus pensamentos... Como era belo o espetáculo da natureza não tocada ainda pela sabedoria, frequentemente perversa do homem!” (pág. 325) Em O NOME DA ROSA – Trad. de Aurora Fornoni Bernardini e Homero Freitas de Andrade, Edit. Record, Rio de Janeiro, 1986.

Osvaldo André de Mello:
“TRAÇO DE COMUM SOBRESSALTO
os sinais de nova goteira    o reboco se desfazendo
uma tábua se desprega
sobressaltos cotidianos para os zeladores
e guardiões das chaves
das velhas igrejas de Minas”.
Em “ILUSTRAÇÕES” (PAG. 53) – Edição DAZIBAO, Divinópolis, MG, 1996.


NOVA SERRANA – DOS PÉS Á CABEÇA.   -   Lázaro Barreto.


Geralmente o que propicia e define a riqueza material de uma cidade é a sua capacidade (potencialidade) produtiva nos vários ramos de negócios de uma sociedade humana de rentabilidade equilibrada. Itapecerica marcou época histórica em virtude de suas pródigas jazidas auríferas – e hoje conta com a produção do grafite como outra importante referência econômica. Itaúna e Pará de Minas cresceram e continuam crescendo graças ao dinamismo de seus habitantes que sabem explorar as potencialidades agrárias. Divinópolis e Nova Serra optaram pela logística do aproveitamento geográfico de polarização regional – que facilita o emprego da mão de obra e o escoamento da produção industrial (calçadista em Nova Serra e do vestuário em Divinópolis). Assim é, ao que me parece: Nova Serrana e Divinópolis, dois pólos em constante ascensão em todos os sentidos - e não apenas no que se refere à riqueza material.

Divinópolis desfruta de um bom renome cultural graças aos talentos criativos individuais, que ao longo do tempo configuram na paisagem dinâmica do materialismo o clarão necessário da espiritualidade através da cultura livresca. Dispomos aqui de bons órgãos de divulgação e, principalmente os inequívocos expoentes da criatividade artística. Entre os quais posso citar Petrônio Bax, GTO, Túlio Mourão, Sebastião Benfica Milagre, Osvaldo André de Mello, Jadir Vilela, Mauro Corgozinho Raposo, Carlos Antônio Lopes, Mercemiro de Oliveira, Carlos Altivo, Adélia Prado e tantos outros de notáveis capacidades. Uma riqueza inexpugnável, um padrão de sensibilidade e de moralidade, uma tábua de valores inerentes à salubridade vital no esfacelado planeta em que vivemos.

E Nova Serrana? Conheço a cidade e admiro o dinamismo e a coerência dos habitantes, que buscam a felicidade conciliando o rigor do trabalho com o prazer da recreação.

O escritor Luciano de Assis (alpharrabio-ns@hotmail.com) esteve, cordialmente, em minha casa e deixou, como belos e valiosos presentes, exemplares de cinco números (ano 3, números 16 a 20) do “Franzine ENTRE ASPAS – Informativo sócio-cultural e literário de Nova Serrana”, publicações muito bem cuidadas, repletas de textos de boa qualidade, assinadas por autores novos e promissores, entre os quais cito Bianca Fernanda, Rita Lamounier, Valter Júnior, Laísa Andrade, Vall Duarte, Maria Helena, Carlinhos Colé, Carla Cardoso, Jocó Lucas, Leandro Caetano, Evaldo Silva e o mencionado Luciano de Assis, responsável pela paginação e pelos editoriais concisos e esclarecedores. Ele (Luciano) deixou comigo, outro belo presente, o exemplar autografado do livro de sua autoria “LENDAS URBANAS – Histórias Que o Povo Conta”, portador de uma leitura deliciosa e instigante, que pretendo ler a seguir. As edições do “Entre Aspas” apresentam textos de linguagem escorreita e ao mesmo tempo legível. Um vocabulário invulgar, significativo, a gramática enriquecendo o estilo às vezes discursivo, às vezes poético. Uma tônica literária predomina - e não  simples exercícios passageiros. Toda a forma e todo o conteúdo a prometerem fecundas incursões. Contos, crônicas e poemas sóbrios, legíveis, cheios de vida cotidiana.

Na introdução de seu conjunto de “Lendas Urbanas” (Editora Virtual Books). o Luciano escreveu: “Uma antiga tragédia italiana narra a história de dois jovens, que por puro capricho de seus pais foram impedidos de ficar juntos. Mas a paixão, a coragem e a determinação de ambos, tomados pela emoção, pelo amor e o desejo de não se separar, encontraram na morte uma forma de ficarem juntos para sempre.
Esta não é só uma linda história de amor, narrada por Willian Shakespeare, trata-se de uma  das mais antigas lendas urbanas da Itália, relatada ao mundo pelos versos de um escritor”. Bem haja, pois.

Nova Serrana dos Pés à Cabeça

sexta-feira, 5 de agosto de 2011


CITAÇÕES IMPRESCINDÍVEIS  -  Lázaro Barreto.


Marguerite Yourcenar:
“A beleza feminina. Anacreonte é bom poeta e Sócrates um homem de indiscutível estatura ética e intelectual, mas não compreendo em absoluto que se renuncie aos tenros e róseos contornos da carne, aos abundantes corpos tão diferentes dos nossos nos quais se penetra como conquistadores que entrassem numa cidade florida e para eles engalanada”. Em “A Obra em Negro”, trad. de Ivan Junqueira, edit. Rio-Gráfica, 1986, Rio de Janeiro, RJ.
Assis Brasil:
“Aristóteles já tinha desenvolvido um importante sistema filosófico que, segundo ele, abarcaria todo o conhecimento humano, a partir mesmo da idéia, algo misteriosa e esteticamente bela, de que a Natureza, para alcançar sua plenitude criativa, almejava alcançar também o pensamento e a inteligência: a matéria – bruta? inanimada? – se transformando em elevado desígnio”. Em “Bandeirantes – Os Comandos da Morte”, vol. I – Edit. Imago, RJ, 1999.
Gaston Bachelard:
“A sublimação, na poesia, desapruma a psicologia da alma terrestremente infeliz. A poesia tem uma felicidade que lhe é própria, qualquer que seja o drama que ela seja levada a ilustrar... Trata-se de passar, fenomenologicamente, as imagens invividas, que a vida não prepara, mas o poeta cria e faz viver o invivido ao se abrir um espaço na linguagem”. Em “Fragmentos de Uma Poética do Fogo”, tradução de Norma Telles, edit. Brasiliense, 1990, São Paulo, SP.
Georg Steiner:
“Um crítico não tem acesso a certas generosidades da imaginação às quais um artista tem direito” (pág.239). “A cultura é uma força humanizadora, as energias do espírito são passíveis de transferência para o comportamento” (pág. 15). “Os filósofos sabem que estão usando a linguagem para purificar a linguagem, como os lapidadores usam o diamante para facetar outros diamantes” (pág. 38). “Agora as Sereias tem uma arma ainda mais fatal do que as canções”, escreveu Kafka nas Parábolas, “ou seja, o silêncio” “ E, embora por certo isso jamais tenha acontecido, ainda assim é possível que alguém tenha escapado do canto das sereias, mas de seu silêncio, certamente, jamais”. Em “Linguagem e Silêncio”, trad. de Gilda Stuart e Felipe Rajabally, edit. Cia. das Letras, 1988 – São Paulo, SP.
Anton Tchecov:
“Suas leituras semelhavam algo como se ele estivesse boiando no mar, entre os destroços de um navio naufragado, e, querendo salvar sua vida, se agarrasse convulsivamente ora a um destroço, ora a outro” (pág. 91). Em “A Aposta e Outros Contos” – trad. de Fatiana Belinsky, Aurélio Buarque de Holanda e Paulo Rónai, Ediouro, RJ, 1993.
Gregório de Matos:
“Carregado de mim ando no mundo,
e o grande peso embarga-me as passadas,
que como ando por vias desusadas,
faço o peso crescer, e vou-me ao fundo” (pág. 28). Livraria AGIR Editora, São Paulo, SP, 1985.
Walt Whitman:
As palavras dos verdadeiros poemas dão-vos mais do que poemas:
dão-vos com que compor os vossos próprios poemas, religiões,
          política, guerra, paz, contos, ensaios, vida cotidiana
          e tudo mais,
dão balanço de castas, cores, raças, credos e sexos,
não procuram belezas, são procurados - sempre em contato com eles ou bem próxima deles segue a beleza,
desejosa, ansiosa, enamorada”. Em “Folhas de Relva”, trad. de Geir Campos – edit. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1964.
Millôr Fernandes:
“Na hora da fome todo revolucionário acaba aceitando uma boa sopa reacionária”. “Tenho quase certeza de que uma vez, no Meyer, em certa noite de tempestade, fui barbaramente assassinado. Mas isso foi há muito tempo”. “Brasilia: o maior crime político cometido contra o Brasil”. “Brasília prova que os países também se suicidam.” “Deus foi muito bem sucedido no Brasil. Mas fracassou totalmente nos brasileiros”. “Pouco a pouco o carnaval se transfere para Brasília. Brasília já tem, pelo menos, o maior bloco dos sujos”. “Sou um homem acima de qualquer corrupção das que já me ofereceram até hoje”. “Todo mundo é fascinado por estrela cadente. Ninguém por estrela caída”. Em “A Bíblia do Caos” – edit. L&PM Pocket, 1994, Porto Alegre, Rj.
Philip Roth:
“Nascemos inocentes”, a moça escreve, “sofremos terríveis desilusões antes de ganharmos experiência e, depois, tememos a morte... e nos são concedidos apenas fragmentos de felicidade para compensar o sofrimento”. Em “O Professor de Desejo” – trad. de Gabriella Mendonça Taylor, edit. Círculo do Livro, São Paulo, SP. 1977.

terça-feira, 2 de agosto de 2011


NOTAS INSÓLITAS E CORRIQUEIRAS   -   Lázaro Barreto.


1 – Faria um grande bem ao povo brasileiro o legislador que conseguisse a aprovação e a praticabilidade de uma lei considerando ilegal a profissão dos empresários que manobram o futebol profissional no País, rebaixando sua qualidade aos níveis abaixo dos aplausos dos torcedores apaixonados. Estes são unânimes em reconhecer o estado lastimável do futebol que se joga hoje nos estádios desolados.
De minha parte, lembro-me na distância (década de 30), das grandes e belas jogadas de Leônidas e Domingos da Guia - e depois, em crescente aperfeiçoamento nas décadas seguintes, das técnicas e artes de estrelas como Danilo, Ademir, Castilho e depois a floração de craques como o Rubens, o Djalma Santos, o Newton Santos, Gerson, Pelé, Tostão, Dirceu Lopes, Garrincha, Raul – e mesmo nos tempos mais recentes as incríveis habilidades do Ronaldo Fenômeno, o Renato Gaúcho, o Zico, o Alex (do Cruzeiro) o Rivaldo. E agora? Nota-se que a arte futebolística tem descambado para o jogo sem graça, beirando  as “peladas” amadoras. O melhor futebol brasileiro está morto e mal-enterrado – esta é a opinião quase unânime dos entendidos. E qual é a causa do descalabro? Está na cara (como se diz): quem está transformando o nosso futebol num comércio espúrio e nefasto é esse tipo nefando de negociador sem alma chamado EMPRESÁRIO, que, de conluio com os diretores dos clubes profissionais faz o que os políticos desonestos estão fazendo com a vida pública e as fontes do erário: 40% mais ou menos para o Diretor, 40% para o Empresário e o restante para os “inocentes” jogadores vaiados incessantemente pelos torcedores malogrados. LEI PARA OS TRANSGRESSORES, senhores legisladores!!!!!!!!.

2 – Viver é tudo na Vida, tudo o mais é luz de candeia ao sol – dizia Thomas Joyce, justificando o próprio desregramento comportamental.

3 – O mundo de 2011 está com a população de 7 bilhões de pessoas. Precisa de uma nova revolução agrícola, gerar mais energia e uma nova tecnologia verde. Quem se habilita? Tivemos em 1710 a invenção da máquina a vapor; em 1757 Pasteur descobre nas bactérias as causas de muitas doenças; em 1899 a invenção da aspirina; em 1927, o primeiro antibiótico, a penicilina; em 1954, o código hereditário é descoberto – a estrutura do DNA e a revolução genética; em 1994 é liberado o uso dos transgênicos (novo tipo de tomate, etc); 1996, a clonagem da Ovelha Dolly.

4 – O livro machuca o leitor quando, primeiro, machuca o autor (James Baldwin).

5- Se gosto muito de uma idéia é porque ela é realmente boa e incapaz de fazer qualquer mal à minha pessoa. Então devo deixá-la em paz. Assim raciocina o cientista Carl Sagan, que acrescenta (em minha livre-tradução): devo procurar alimentar, debater, esmiuçar, estudar a idéia que me importuna, que me desafia, que me faz algum mal. Alguma luminosidade, ou seja, algum ponto de vista novo pode estar a caminho de uma concepção valiosa.

6 – O medo de coisas invisíveis é a semente natural daquilo que todo mundo, em seu íntimo, chama de religião (Thomas Hobges, em 1651).

7 – Sem se arrogar como dono da verdade, Carl Sagan põe em dúvida a tese religiosa de que as Escrituras sejam de inspiração divina. Nenhuma delas, ele assegura, “parecem levar realmente em consideração a grandiosidade, a magnificência, a sutileza e a complexidade do UNIVERSO revelado pela Ciência”.

8 – A ilusão de ótica.
Carl Sagan considera que as semelhanças entre os seres vegetais e animais podem não ser meras coincidências. “As plantas e os animais que sugerem um rosto podem ter mais chances de não serem devorados por criaturas com rostos”. O bicho-pau parece um graveto, corais lembram mãos, brotos de castanha apresentam rostos sorridentes, enormes olhos podem ser vistos nas asas de mariposas – e muitos insetos e animais são inidentificáveis no meio da vegetação silvestre, e assim evitam ataques de possíveis adversários. A cobra verde é invisível no meio da vegetação e tanto a relva como o cisco e a folhagem escondem bichos, pássaros, serpentes.

A RUA MAIS ANTIGA DE DIVINÓPOLIS   -   Lázaro Barreto.


Acredito, desde 1992, quando fiz a esforçada, criteriosa e atenta pesquisa para escrever e publicar o livro “Memorial de Divinópolis”, que a primeira rua implantada no antigo Arraial das Pecericas, que hoje é a pujante cidade prestes a comemorar o centenário de sua emancipação (e não de sua existência, que remonta aos distanciados anos da idade do ouro das minas nas primeiras décadas do século 18) – é a 23 de Novembro, que começa subindo a partir do Canto da Mina no bairro Porto Velho até o final do morro no bairro São João de Deus, na praça da Casa de Apoio ao Portador de Câncer. Estreita e enviezada, começa no número 200, com seus postes de madeira e casebres rudimentares ao lado de construções mais recentes. E logo depois da casa de número 226, ela faz uma curva, mas continua subindo e no número 229, ela estranhamente vira à direita até a Rua do Estanho, sobe um quarteirão e depois volta na linha de sua inicial trajetória e continua subindo. Ali no impasse da trajetória reside a Família de Maria Vieira de Jesus (Lia do Ambrósio), egressa da cidade de Sabará.

Todas as evidências levam-me a crer que os primeiros habitantes de nossa cidade vieram da antiga e faustosa Sabará - a terceira Villa criada em Minas, em 16/07/1711, sendo que um dos subscritores de seu Termo de Erecção é o Manuel Carvalho da Silva que, adquirindo terrenos e uma Sesmaria na região de Cláudio e do Desterro, construiu um imponente casarão como sede da fazenda e também a Igreja  de Nossa Senhora do Desterro, em 1754 – a mais antiga de todo o Oeste de Minas, constituindo seu Patrimônio com a doação de  cerca de 140 alqueires de terra do lado esquerdo do Rio Boa Vista. A minha afirmação sobre a origem sabaraense dos principais colonizadores da região é reforçada com o fato de que logo adiante do Desterro erigiu-se o Arraial do Sabarazinho, que ainda existe com a mesma denominação. Também os fatos históricos constantes em variados documentos da época colonial atestam que o escasseiamento da pródiga mineração da área próxima à sede da Comarca concorreu pela migração dos mineradores de Sabará para as outras regiões auríferas, no caso: Pitangui, Tamanduá, Desterro, Pecericas (nome de Divinópolis, na época). Até 1744 toda  a região esteve sob a jurisdição de Sabará – a terceira Villa criada em Minas Gerais. Se a produção das férteis minas sabaraenses minguavam, era natural que os mineradores procurassem outras minas nas regiões adjacentes. E foi assim que teve inicio a proliferação de outras Villas, inclusive Tamanduá (hoje Itapecerica), Pitangui e outras circundantes, como é o caso de Pecericas (hoje Divinópolis) e Desterro (hoje Marilândia).

Foi assim que Sabará propiciou a povoação da área mais central de Minas, como consta na página 8 da Revista do Arquivo Público Mineiro, Ano II, janeiro e marco de 1897 – Imprensa Oficial, Ouro Preto, MG: “Na barra do Rio das Velhas que desemboca no Rio São Francisco ficando na Jurisdição da dita Comarca todas as povoasoins que ficam pela banda do oeste entre o Rio das Velhas e o Rio Paraopeba the a Villa Pitangui e seus descubrimentos”.... Resta-me, pois, a dedução (lógica, plausível) que os primeiros moradores da região são egressos de Sabará e que Divinópolis pertenceu à Comarca do Rio das Velhas (ou seja, Sabará) no período de 1711 a 1744. E que de 1744 a 1758 pertenceu a Villa de São José do Rio das Mortes (Tiradentes); e de 1758 a 1847 pertenceu a Villa de Pitangui e de 1847 a 1911 passou a pertencer a Villa de São Bento do Tamanduá (Itapecerica). Em 1912 (ano de bela e boa memória) veio a nova fase da emancipação política, vicejando até hoje, florescente e frutífera.








segunda-feira, 1 de agosto de 2011


A RUA MAIS ANTIGA DE DIVINÓPOLIS   -   Lázaro Barreto.


Acredito, desde 1992, quando fiz a esforçada, criteriosa e atenta pesquisa para escrever e publicar o livro “Memorial de Divinópolis”, que a primeira rua implantada no antigo Arraial das Pecericas, que hoje é a pujante cidade prestes a comemorar o centenário de sua emancipação (e não de sua existência, que remonta aos distanciados anos da idade do ouro das minas nas primeiras décadas do século 18) – é a 23 de Novembro, que começa subindo a partir do Canto da Mina no bairro Porto Velho até o final do morro no bairro São João de Deus, na praça da Casa de Apoio ao Portador de Câncer. Estreita e enviezada, começa no número 200, com seus postes de madeira e casebres rudimentares ao lado de construções mais recentes. E logo depois da casa de número 226, ela faz uma curva, mas continua subindo e no número 229, ela estranhamente vira à direita até a Rua do Estanho, sobe um quarteirão e depois volta na linha de sua inicial trajetória e continua subindo. Ali no impasse da trajetória reside a Família de Maria Vieira de Jesus (Lia do Ambrósio), egressa da cidade de Sabará.

Todas as evidências levam-me a crer que os primeiros habitantes de nossa cidade vieram da antiga e faustosa Sabará - a terceira Villa criada em Minas, em 16/07/1711, sendo que um dos subscritores de seu Termo de Erecção é o Manuel Carvalho da Silva que, adquirindo terrenos e uma Sesmaria na região de Cláudio e do Desterro, construiu um imponente casarão como sede da fazenda e também a Igreja  de Nossa Senhora do Desterro, em 1754 – a mais antiga de todo o Oeste de Minas, constituindo seu Patrimônio com a doação de  cerca de 140 alqueires de terra do lado esquerdo do Rio Boa Vista. A minha afirmação sobre a origem sabaraense dos principais colonizadores da região é reforçada com o fato de que logo adiante do Desterro erigiu-se o Arraial do Sabarazinho, que ainda existe com a mesma denominação. Também os fatos históricos constantes em variados documentos da época colonial atestam que o escasseiamento da pródiga mineração da área próxima à sede da Comarca concorreu pela migração dos mineradores de Sabará para as outras regiões auríferas, no caso: Pitangui, Tamanduá, Desterro, Pecericas (nome de Divinópolis, na época). Até 1744 toda  a região esteve sob a jurisdição de Sabará – a terceira Villa criada em Minas Gerais. Se a produção das férteis minas sabaraenses minguavam, era natural que os mineradores procurassem outras minas nas regiões adjacentes. E foi assim que teve inicio a proliferação de outras Villas, inclusive Tamanduá (hoje Itapecerica), Pitangui e outras circundantes, como é o caso de Pecericas (hoje Divinópolis) e Desterro (hoje Marilândia).

Foi assim que Sabará propiciou a povoação da área mais central de Minas, como consta na página 8 da Revista do Arquivo Público Mineiro, Ano II, janeiro e marco de 1897 – Imprensa Oficial, Ouro Preto, MG: “Na barra do Rio das Velhas que desemboca no Rio São Francisco ficando na Jurisdição da dita Comarca todas as povoasoins que ficam pela banda do oeste entre o Rio das Velhas e o Rio Paraopeba the a Villa Pitangui e seus descubrimentos”.... Resta-me, pois, a dedução (lógica, plausível) que os primeiros moradores da região são egressos de Sabará e que Divinópolis pertenceu à Comarca do Rio das Velhas (ou seja, Sabará) no período de 1711 a 1744. E que de 1744 a 1758 pertenceu a Villa de São José do Rio das Mortes (Tiradentes); e de 1758 a 1847 pertenceu a Villa de Pitangui e de 1847 a 1911 passou a pertencer a Villa de São Bento do Tamanduá (Itapecerica). Em 1912 (ano de bela e boa memória) veio a nova fase da emancipação política, vicejando até hoje, florescente e frutífera.